Dia do Trabalho: dia da nossa inclusão ou exclusão do Paraíso?

A expulsão de Adão e Eva do paraíso, contada na tradição bíblica, por terem comido o fruto proibido, a maçã, registra com clareza a oposição entre lazer e trabalho, liberdade e escravidão, alegria e lágrimas. Eles foram castigados com a perda da abundância e do ócio paradisíacos, e condenados ao trabalho penoso e ao suor das suas frontes para poder comer o pão e tirar da terra o alimento de todos os dias. Desde então, o homem criou a associação entre trabalho e sofrimento.

 

Reprimindo a admiração pela vida, cada vez mais absorvida pelo cotidiano, o homem foi esquecendo que, através do trabalho, ele transforma o mundo, produz sua existência, responde aos desafios, resolve os problemas, desenvolve idéias e acumula experiência. Ao longo da história, foi através do trabalho que desenvolvemos nossas habilidades, aperfeiçoamos os instrumentos, a tecnologia e nos enriquecemos social e culturalmente. A expulsão do paraíso, menos que castigo, foi a grande oportunidade do homem descobrir a sua capacidade individual de superar condições hostis, canalizando a sua energia vital para a conquista da sobrevivência e de si mesmo.

 

Trabalhar é produzir e é diferente de se empregar. Aliás, o trabalho vem antes do emprego. É tudo o que realizamos na vida e, portanto, transcende fazermos algo para obtermos remuneração por dinheiro. Tem que ser feito de modo a nos orgulharmos do que somos, do que realizamos.

 

Entre tantos, dois sábios pensadores ilustraram magistralmente a crença do trabalho como realização de vida. Um deles foi Aristóteles, que disse “a felicidade reside em fazer coisas de que se possa orgulhar por fazer bem e, portanto, que se tenha prazer em fazer. É mais do que lutar para viver, mas sim o quê fazer com nossa vida”. O outro, G.K. Gibran, definiu o trabalho como “o amor que se torna visível”.

 

Não interessa se você é vendedor, dona-de-casa, executivo, voluntário, pedreiro, catador de papelão, ou outra coisa qualquer: o importante é o que você tem feito com dedicação na sua vida, obtendo prazer e satisfação. Este é o objetivo do trabalho como missão, como realização e não como mera obrigação ou forma de escravidão.

 

Cada um tem que fazer a sua parte e, no campo empresarial, isto deve ser um valor porque é preciso que empresários e colaboradores caminhem juntos. Seja um dono ou diretor de empresa, um funcionário ou colaborador, um autônomo, um voluntário, ou alguém que realiza algo sem vínculo empregatício. O importante é que o talento humano seja observado em todas as suas dimensões, que se enxergue a pessoa e não somente a função que ela ocupa. Se um colaborador não se sentir valorizado, de que adianta investir em treinamento, uniformes maravilhosos, crachás de identificação, tecnologia e planos de incentivo?

 

O mais importante é que sejamos melhor do que temos sido até hoje, tanto para nós, como para os outros. É isto que amplia a nossa humanidade, que nos traz respeito, que faz a nossa existência fazer diferença nos ambientes que vivemos. As transformações atuais no mundo pessoal e dos negócios são muitas, mas se não fizermos as coisas com amor, pensando na valorização de si e do próximo, não saberemos se no Dia do Trabalho estaremos comemorando a nossa inclusão ou exclusão do Paraíso.

 

Desejo que você faça as coisas de modo a se orgulhar por tê-las feito e que celebre a sua inclusão e a dos que lhe cercam no mundo!

 

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